Marketing Digital – E pur si muove

No espaço de poucos meses fui duplamente confrontado com a afirmação de que o “Marketing Digital não existe”, com a justificação de que Marketing é Marketing.

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa simples, que não corre atrás das últimas modas e daqueles conceitos ditos em ‘estrangeiro’ só porque soam a algo mais elaborado.

Entendo o Marketing como tudo aquilo que tem por objetivo produzir comportamento, englobando portanto setores óbvios que visam as vendas, mas também áreas como a Política, o Ambiente, a Religião, o Território… em que a transação comercial propriamente dita não está presente, mas em que o Marketing (assumido ou não como abordagem estratégica e sistematizada) continua a almejar a produção de um comportamento desejado por parte dos respetivos alvos.

E vamos lá atirar ao barulho os Ps e os Cs em número e diversidade a gosto, operacionalizando estratégias baseadas nas maravilhosas SWOT, PEST, Mapas Percetuais e outros modelos analíticos que, em muitos casos, se assemelham aos florais de Bach (pelo menos quanto ao rigor na sua aplicação).

Claro que o Marketing Digital é Marketing… daí o nome. Mas parece-me que o Marketing Digital não se limitou a integrar os conceitos tradicionais e a desenvolver novas ferramentas. O Marketing Digital criou um espaço próprio não só de comunicação e promoção, mas onde pode decorrer todo o processo da oferta, distribuição e da procura.

O papel do Marketing Digital para negócios offline e, sobretudo, o seu potencial para negócios online é de tal modo evidente que o mesmo ameaça os modelos de muitos setores e das próprias plataformas e formatos publicitárias tradicionais. A crescente capacidade de apresentar dados e resultados quantitativos, de identificar e impactar alvos específicos são apenas algumas das características diferenciadores.

Mas não é apenas uma nova tecnologia ou um conjunto de novas ferramentas que o Marketing Digital nos proporciona. Mais importante parece-me ser a capacidade que essas ferramentas oferecem em estabelecer novas formas de relacionamento entre sujeitos, integrando princípios do CRM e do Datamining – potenciados pelos dados disponibilizados pelos utilizadores, ou recolhidos pelos processos digitais – e cada vez mais alavancados por algoritmos tendencialmente inteligentes.

O Marketing Digital integra um maravilhoso mundo novo onde pontuam igualmente a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas ou a Impressão 3D…

Por tudo isto é fundamental que o Marketing Digital seja ensinado como matéria autónoma!

Afirmar que o Marketing Digital não existe equivale a dizer que a Terra é plana e à volta da qual gira o Sol.

PS: nasci no século passado, frequentei a escola numa altura em que se achava fundamental aprender DOS, licenciei-me quando a Internet era ainda uma coisa do futuro… pelo que obviamente não passo de um curioso em Marketing Digital.

“E pur si muove!” Galileu Galilei

Luís Nunes
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